quarta-feira, 12 de agosto de 2009

POR QUE O MEDO DA DISPUTA?



Coletivo ComJunto



A disputa pelo poder é inerente ao ser humano. Cada vez mais, disputamos o poder dos espaços cotidianos. No Estado democrático, essa disputa é essencial para garantir tanto a alternância quanto a possibilidade da população decidir quem deve (ou não) reger as decisões tomadas sobre si. Numa esfera menor, a de um Centro Acadêmico, por exemplo, essa disputa, assim como a alternância, é de extrema importância.

Em julho do ano passado, o Coletivo ComJunto se formava com a intenção de disputar as eleições para o C.A. de Comunicação Social Vladmir Herzog. Caímos de cabeça num processo que exigiu ao mesmo tempo reflexão e formação. Não pretendíamos ocupar o C.A. somente na qualidade de oposição, mas, sim, enquanto grupo que propõe um projeto político para aquela entidade.

Propúnhamos a construção coletiva de um Centro Acadêmico que superasse, dessa forma, a lógica mercantilista e assistencialista que impera hoje na entidade. Propúnhamos que o C.A., por estar inserido num universo público e por ser uma entidade pública, extrapolasse os muros desta universidade e estivesse também fora dela, atuando, mobilizando, trabalhando ao lado dos movimentos sociais, disseminando a possibilidade de uma comunicação popular, comunitária, coletiva. E propúnhamos não somente por propor, mas por termos como meta e objetivo este tipo de atuação.

Por sessenta e nove votos perdemos aquelas eleições. Mas perdemos somente uma mera disputa eleitoral. Fortalecido, saindo de um processo eleitoral com ar de vencedor, o Coletivo ComJunto resolveu que não podia parar naquele momento. Parar não seria justo com cada um que depositou seu voto de confiança. Decidimos assumir o compromisso de cumprir nossa carta-proposta, de realizar tudo aquilo a que nos
propusemos.

A disputa eleitoral passou e entramos num outro momento: a disputa pela consciência. Não uma consciência homogênea, unitária, regida por nós ou por aquilo que acreditamos. Mas, sim, uma consciência construída coletivamente, a partir da reflexão da nossa própria realidade. Passamos a realizar atividades que acreditamos estarem contribuindo não somente com os estudantes, como também com o próprio curso. Das 12 propostas de nossa carta-programa, executamos 11. Além delas, desenvolvemos várias outras atividades, dentro e fora da UFPB.

AÇÕES DO COMJUNTO

Nossa “menina dos olhos” foi a III Semana pela Democratização da Comunicação, um momento ímpar para nós, por ter servido como espaço de formação não somente para os militantes do Coletivo, mas por conseguirmos aglutinar outr@s estudantes. Trouxemos para o DecomTur discussões que passam longe dessas salas de aula tão fechadas, abafadas, que mais parecem ser o fim delas mesmas. Pusemos o MST pra falar, a ABRAÇO-PB, a Comissão de Direitos Humanos da OAB, a TV Universitária de Pernambuco, entre outras entidades que ocuparam todos os dias do evento. Proporcionamos ainda espaços de vivência em comunidades, fomos visitar as rádios comunitárias Independente e Voz Popular, no Timbó e São Rafael, respectivamente. Fomos aonde a Academia não chegou, e onde, mesmo assim, a ética e o compromisso social são práticas cotidianas, que fundamentam as atividades desses veículos comunitários.
Um ano após o início de tudo, avaliamos hoje que este Coletivo alcançou um grau de maturidade que vai muito além a uma mera disputa eleitoral. Nossa intenção enquanto grupo nunca foi tirar A ou B do poder, e sim, conscientizar @s estudantes da necessidade de se organizar, de atuar em conjunto não somente pelos problemas do nosso Departamento, do nosso curso, mas também pelas demandas sociais, sempre nos posicionando ao lado das minorias, por sermos também minoria. Nossas atividades vêm se desenvolvendo num sentido de emancipar consciências, de possibilitar a descoberta e a difusão de uma outra comunicação.

É sempre com esse propósito que desenvolvemos o projeto “A oficina do mês é...”, o grupo de estudos “Mídia Ativa”, o cineclube Jomard Muniz de Britto, ajudamos a construir a II Mostra Interestadual do Audiovisual Paraibano, entre outrascoisas.

O Coletivo COMJunto, grupo ativo na Executiva Nacional d@s Estudantes de Comunicação Social – ENECOS, vem se mostrando enquanto grupo político organizado na cidade nos mais variados espaços que tem ocupado. A Comissão Pró-Conferência de Comunicação é um dos exemplos. O grupo rearticulado durante a III Semana Democom hoje está à frente das atividades de preparação para esse acontecimento tão importante para o Brasil. E nesse momento em que se discute e se tenta construir a primeira Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), exigência dos movimentos pelo direito à comunicação há mais de vinte anos, nunca presenciamos a participação deste Centro Acadêmico.

ELEIÇÕES

Atualmente, o C.A. de Comunicação Social está passando por um novo processo eleitoral, se assim podemos chamá-lo. Mais uma vez, vimos uma prática que vem se tornando comum na UFPB: a antidemocracia e o golpismo impostos pelo grupo que hoje ocupa o CA e, também, nosso DCE. A atual gestão do CA de Comunicação convocou somente agora, no fim deste período, o processo eleitoral que deveria ter acontecido no início, como manda o Estatuto válido da entidade. A atual gestão deste CA, na tentativa de golpear qualquer grupo que viesse a se organizar para a disputa, convocou um processo eleitoral com edital mal divulgado, sem passagem em salas de aula e, pior, com prazo para inscrições aberto e fechado durante o 30º Enecom, quando vários estudantes, inclusive o Coletivo ComJunto, representavam a Paraíba em Fortaleza-CE. A atual gestão não participou dos pré-encontros realizados na UFPB e não foi ao evento no Ceará.

Agora, teremos uma eleição com chapa única, sem debates, sem oposição, muito cômoda para quem passou duas gestões à frente do Centro Acadêmico. Por que o medo da disputa?

Nos posicionamos contrários à forma como este processo está se desenvolvendo e alertamos vocês, estudantes do Decom, sobre o caráter fraudulento dessas eleições.

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