A Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social - ENECOS, vem a público repúdiar a publicação homofóbica "O Parasita", que circulou nos últimos dias nas listas de e-mails da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. A pretensa publicação, editada anonimamente por estudantes, é uma grave demonstração de intolerância que deve ser combatida pelo conjunto do movimento. Ao associar a agressão ao recebimento de um prêmio, o episódio demonstra que a banalização da violência e o preconceito contra homossexuais ainda é forte mesmo entre os estudantes que tem acesso ao ambiente universitário.
Casos como este também demonstram a necessidade de uma lei federal que criminalize a homofobia e que seja capaz de assegurar a comunidade LGBTT o direito de acionar a justiça para punir seus agressores. No entanto, o Projeto de Lei nº 122/2006, que propõe tornar crime a discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero, ainda não foi aprovado pelo senado e continua sendo amplamente boicotado pela bancada evangélica da casa sob o argumento de que a lei torna os homossexuais uma categoria “intocável” e “privilegiada”, revelando um forte avanço do conservadorismo em nossa sociedade.
A paralisia e as atitudes reacionárias surgidas no âmbito legislativo também revelam o conservadorismo existente entre os nossos governantes, em sua maioria por políticos financiados pelas elites econômicas e políticas do país. Infelizmente o governo Lula não foi diferente do de FHC no que diz respeito ao combate às opressões. A lei Maria da Penha não consegue livrar várias mulheres das agressões machistas, principalmente por falta de verbas para a sua aplicação, assim como não existiu mobilização e nem pressão por parte do governo para que sua base votasse o projeto que criminaliza a homofobia. Enquanto isso as opressões seguem sendo aprofundadas pelo governo Lula por meio do Estado.
USP
Infelizmente, esse episódio não é o primeiro que se tem notícia dentro dos campi da USP. Em 2008 dois estudantes foram expulsos de uma festa por membros do Centro Acadêmico de Veterinária. Em 2006 um estudante homosexual foi preso sem provas pela guarda universitária acusado de estupro durante a onda de vigilância que se desencadeou após a repercussão dos ataques a mulheres no campus do Butantã. Em 2005 duas estudantes foram presas pela própria segurança da universidade por estarem se beijando em público no campus da Zona Leste. Fora esses casos de repercussão pública, temos manifestações de homofobia e outros tipos de preconcenito cotidianamente nas salas de aula por parte de professores, pelos próprios colegas estudantes e da guarda universitária.
A maior universidade pública do país ainda é um grande exemplo na intolerancia racial e social, representada pelo reacionário reitor Rodas, defensor das invasões da tropa de choque para controlar os estudantes e sindicalistas organizados. Não bastasse a homofobia, a intolerância está presente no ambiente da USP por meio da violência a mulher, como os casos de estupro e a falta de tratamento que as estudantes tiveram e o machismo cotidiano. Ano após ano, inúmeras festas organizadas por diversas atléticas da USP usam temas que transformam a mulher em objeto. Existe a sistemática perseguição aos moradores, em especial os jovens, da Vila São Remo, costumeiramente presos pela guarda por serem considerados invasores ao higiênístico ambiente universitário que se propôe a ser uma ilha isolada dentro de São Paulo. Além disso, há ainda os repugnantes ataques à sindicalista Neli em 2006 por parte de estudantes e professores da Poli, caso que foi acobertados pela Reitoria e diretoria da faculdade.
A ENECOS manifesta a sua indignação contra a homofobia dentro e fora da USP. E lembra que o seu combate contra todo tipo de intolerancia imposta artificialmente pela moral burguesa e religiosa é cotidiano.
Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social - ENECOS
Gestão “Aos Que Virão”
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