sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Busão: a gente se vê por aqui.



Para Jana, a primeira pessoa a quem exprimi minhas previsões


Você já ouviu falar em TV Bus Midia?
Para meio entendedor de inglês, e que está antenado às mais altas tecnologias em solo pessoense, é uma charada fácil. À primeira impressão, viria na mente a imagem daquela televisãozinha que invadiu os ônibus da cidade de João Pessoa, na qual fica passando repetida e enchendo-o-saco-mente a propaganda dos cosméticos Racco e um curta-publicidade da Associação de Empresas de Transporte Público, de título “Integração Temporal – Sobre Nós Dois”, que, embora muito bem produzido, passa a não ser mais tão agradável de ver a partir da quinta vez que se o assiste, e olha que ainda não peguei nenhum Circular assistindo à televisãozinha.
Mas o TV Bus Midia, vai mais longe. Quando vi a propaganda na televisão do ônibus, com as fontes da Rede Globo, me tremi todo e pensei que aquilo não seria mera coincidência. E não foi. O TV Bus Midia é uma, como podemos dizer, compilação muda de programas da TV Globo, tais como Globo Repórter ou Globo Rural, ou fazendo os reclames da próxima novela ou as notícias do Jornal Hoje. Pois é, a Globo invadiu até o busão, momento de maior desarmo e ócio da visão que se possa ter. Antenou-se mais rápido que qualquer outra empresa ou grupo de comunicação nesse formato, presente há mais tempo em cidades como Recife, e pensou um formato que pudesse ser assistido por pessoas em trânsito ou passeio (tempo da imagem, escolha das imagens, tempo do texto, pois as televisãozinhas ainda não são dotadas ainda de sistema de som) e rodou isso literalmente.
Concessão
Por mais bobo que pareça essa questão, pairam algumas dúvidas. As televisões em ônibus são instrumentos de publicidade ou informação? Ou os dois? Se forem instrumentos de publicidade, sugerem ser regulados pelas próprias empresas de transporte urbano – como o bus outdoor, por exemplo. Mas se forem instrumentos de comunicação, se torna uma questão pública, como o são os jornais, as revistas e as transmissões televisas. Quem deve gerir esse novo meio comunicação, as empresas, portadoras diretas do ônibus, ou o Estado, uma vez que as empresas de ônibus estão submetidas a uma concessão pública? Isto é, havendo concessão pública para definir o que vai ser veiculado nas Tvs? Nesse caso, quem deve organizar o processo de concessão, a prefeitura, que concede permissão às empresas de ônibus, ou a nível federal? Há alguma regulamentação desse tipo?
Essas questões vão muito além do medo de pegar um Circular no domingo e me deparar a viagem toda com o Domingão do Faustão na minha frente – embora esse seja um medo bastante legítimo. Porque, a meu ver, esse novo suporte (porque não fazer parte do rol das “novas mídias”?) pode servir de transmissão de programas e material audiovisual produzido em João Pessoa, e não apenas mais um retransmissor de informações e de estética-padrão da qualidade Globo de ser.
Busão: a gente se vê por aqui.
#medo



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