quinta-feira, 7 de abril de 2011

"Triste Realidade da Imprensa paraibana"

O texto abaixo mostra que a sociedade paraibana está atenta aos produtos midiáticos que entram em nossas casas todos os dias. Conquistar os telespectadores para atingir números de audiência precisa estar ligado ao respeito à cidadania. Reproduzimos aqui o texto distribuído por uma internauta*.





"A TV paraibana nunca foi tão ridicularizada. As mortes transmitidas das 12 às 13h, que já era prato principal do almoço de muitos paraibanos "vidrados" no correio verdade agora estão do jeito que o jornalismo imprudente sempre sonhou: as pessoas riem da desgraça alheia e a bandidagem ainda vira melô, hit musical...


Pois é, as novas celebridades do jornalismo local não são reconhecidos por seu trabalho sério e competente em informar...não são visto pelo Brasil como repórteres que elevam a Paraíba...são reconhecidos em toda a parte, mas, como o próprio Portal Correio anunciou em 2010, " Agora, toda a Paraíba vai ver e conhecer a força, a alegria e a irreverência de Samuca Duarte e Emerson Machado." É mesmo uma pena que estivessem falando de um programa policial...


Sucesso no you tube, orkut e afins, a "dança do mofi" é unanimidade: agrada tanto aos cidadãos de bem quanto aos bandidos. As crianças, incentivadas até mesmo pelos pais, colocam a camisa na cabeça e com os braços para trás dançam e aumentam a popularidade do jornalismo que todas as tardes ri da falta de consciência de uma população que já acostumada com a impunidade, resolveu aceitar que ela virasse piada.


Tratados como "amigos" (já que são a audiencia), os criminosos até gostam das brincadeiras, afinal de contas, nem é assim tão grave o que eles fazem......Para mim, parecia que já tinham usado e abusado de todas as armas do sensacionalismo, mas mostraram que não: no dia 31 de março o telejornal foi transmitido em pleno Mercado Público de Mangabeira, e é claro, com direito a palco e plateia.


A cada notícia de mais uma entrada no Hospital de Emergência e Trauma ou de uma briga em bar que acabava em morte, uma música era tocada pela banda que estava participando do Caravana da Verdade. Lágrimas, perdas e outras tristezas que merecem respeito (seja por quem for), viraram show. Um show desejado e aclamado por muitos telespectadores. Ah, a ideia contraditória e doentia da contratação da banda foi anunciada no prórpio Portal Correio, com as seguintes palavras:" A Banda Identidade Baiana realizará um show para animar ainda mais o evento, das 11h às 14h."


Samuka Duarte, Emerson Machado ( Mô- fi), Marcos Antonio (O Àguia), Josenildo Gonçalves (O Cancão da Madrugada) e toda a equipe de edição do Correio Verdade conseguem, dia após dia, tornar animadas as refeições de paraibanos que não se importam em almoçar frente às cenas de corpos perfurados e poças de sangue humano. Creio que não conseguem, com a mesma eficácia, tornar menos dolorosa a sina de uma mãe que sente a dor de ter um filho que agora é presidiário, de parentes de uma criança que morreu acidentalmente ou de um pai, que vê seu filho destruído pelas drogas, morto e servindo de audiência para um programa de humor negro chamado Correio Verdade.


Não sou jornalista. Sou nutricionista, mas antes disso, cidadã. Incomodada com o desprezo explícito à vida humana senti a obrigação de pedir a todos os meus contatos que repensem seus valores de respeito e dignidade à vida sempre que pensem em assistir esse e outros programas que indiquem sinais tão fortes de insulto a nós, telespectadores. Insulto a nossa capacidade e direito de exigir jornalismo de qualidade em palavras e atitudes.


Se concorda, repasse o email. Quanto mais as pessoas se conscientizarem dos "pequenos" males que nos envolvem com graça e alguns risos com gosto de sangue, mais chance teremos de exercer e usufruir daquilo que chamamos de cidadania. Merecemos mais respeito".




* Texto escrito por Elaine Oliveira

Um comentário:

  1. Fiz questão de comentar e farei minha parte como jornalista para contribuir para a melhoria do que se oferece ao cidadão em termos de conteúdo. Parabéns por reproduzir esse texto. Parabéns.

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