Uma resposta desqualificada como esta por parte da reitoria nos diz muita coisa. Primeiro, que nos acham cegos e idiotas, como se aquilo mostrado pelos estudantes não fosse uma verdade, como se aquilo não existisse e nós não nos deparássemos diariamente com essa realidade de sucateamento. Segundo, por reduzir o problema apenas ao curso de mídias digitais, quando, na verdade, há um grave estado de alerta por toda a universidade, onde, de canto a canto, há obras atrasadas, equipamentos se perdendo, se acabando, sem receber uma manutenção sequer. Terceiro, porque nada diz de concreto, não diz quando o problema (que é real, e não uma ilusão de ótica dessas mais de 140 mil pessoas) será resolvido, quais os esforços que empreenderão. Não diz nada.
Como sempre, a reitoria da UFPB não diz nada plausível. E o reitor é um boneco, que, ao falar, sempre pisa na bola. É melhor, então, não falar nada. De fato seria, não fosse um pequeno detalhe: é o reitor de uma instituição pública federal de ensino, responsável por sua gestão, pela implementação de sua expansão (falaremos mais sobre ela), responsável juridicamente e institucionalmente por seus problemas. Para quem não sabe, seja porque não convive ou mesmo porque não percebe, a Universidade Federal da Paraíba está um caos. A rede elétrica não suporta mais, quedas de energias são freqüentes. Falta água nos bebedouros, nos banheiros, mas se dá qualquer chuvinha, todos os prédios alagam. Recentemente, o Departamento de Comunicação Social esteve interditado por uma semana inteira após uma chuva forte que deixou tudo debaixo d’água. Se já é, no mínimo, estranho, imagine você sabendo que o prédio passou o mês de janeiro todo em reformas. O mesmo prédio passou mais de um ano e meio para terminar de ser reformado (em 2008), quando sua obra tinha um prazo de execução de 3 meses.
Não faltam obras atrasadas por toda a universidade. Não faltam obras que, logo após o término de sua reforma ou construção, já precisam de reparos ou mesmo interdição. Além das questões estruturais dessas obras, há uma questão humana que não pode ser esquecida: há pedreiros - ou seja, trabalhadores, pais de família – sem receber seus salários, com atrasos nos pagamentos. Este ano mesmo os pedreiros paralisaram por um ou dois dias uma das construções de que tanto se orgulha a reitoria. E isso está acontecendo não somente no Campus I, acontece em todos os campi do interior. Ano passado, em Rio Tinto (Campus IV), a universidade despejava metralha das obras em terra indígena, acelerando o processo de assoreamento do rio que corre logo atrás do muro da instituição. Em Rio Tinto, os bombeiros interditaram um prédio cujo teto caiu durante o horário de aulas. Outro prédio rachou e estralou enquanto haviam várias pessoas nas salas. O Campus inteiro devia ter sido entregue a mais de dois anos.
A reitoria da UFPB tanto se orgulha da sua expansão, que parece estar cega aos problemas reais da universidade. Já dizia minha vó, “tudo demais é veneno”. Parece que o orgulho do reitor Rômulo Polari e sua equipe jorram dos poros. Também, o que esperar de um reitor inacessível, que vive enclausurado e que muitos só viram uma vez: na passagem de sala em 2008, quando pedia voto ao lado de sua fiel escudeira, Yara Matos. O que esperar de uma gestão que mais REINA do que gere? O que pensar de uma gestão que em nada se esforça para pensar soluções viáveis para o problema de desgaste das estruturas acadêmicas, pedagógicas e físicas da universidade? Rômulo Polari se orgulha de ter aprovado o REUNI, mas é totalmente alheio aos problemas que desencadeou. Sabe ele que o curso de Letra iniciou o período letivo passado com mais de 30 disciplinas sem professores? Sabe ele que o Delem, extensão à comunidade em formação de línguas estrangeiras, teve um corte no oferecimento dos seus serviços porque não havia professores na graduação? Sabe ele que o elefante branco que é o prédio do CCJ (Centro de Ciências Jurídicas) é uma verdadeira aberração em termos de arquitetura? (Este prédio, em especial, foi o trabalho de conclusão de curso de um estudante da UFPB.)
O que Polari sabe, afinal?
Está na hora de jogar limpo, de ser sincero com a comunidade acadêmica, com a sociedade. Porque é a sociedade (composta, inclusive, por pessoas que nunca entrarão na universidade) que nos mantém lá, tanto quanto mantém seu salário e suas gratificações. Polari é alheio, não vive nem vê a universidade, não a enxerga, e está pouco se lixando se 60 ou 600 estudantes não têm onde estudar. Quis tanto entrar para a história, que, de fato, entrou. O REItor do sucateamento e da infantilidade.
Alexandre Santos, estudante de Comunicação Social da UFPB, sente na pele o sucateamento da universidade pública, o esquecimento completo de seus pilares e de sua missão.
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