domingo, 12 de junho de 2011

Reitor alheio, retruca a meninada... era só o que faltava

É uma verdadeira zombaria a atitude da reitoria em “retrucar” (como se diz nas brigas de criança, coisas da infantilidade) o vídeo dos estudantes de Mídias Digitais da UFPB. Rômulo Polari é um senhor que não nos respeita. E ele e sua equipe não se dão ao respeito. É isso que penso. O vasto alcance do vídeo produzido pelos estudantes de Mídias Digitais os fez tremer na base. Atualmente, o vídeo conta com mais de 147 mil acessos, além de ter sido veiculado no Jornal da Cultura, ter sido matéria da Revista Istoé, ser postado no blog do Marcelo Tas, além de várias outras mídias que pautaram o descaso dessa reitoria.

Uma resposta desqualificada como esta por parte da reitoria nos diz muita coisa. Primeiro, que nos acham cegos e idiotas, como se aquilo mostrado pelos estudantes não fosse uma verdade, como se aquilo não existisse e nós não nos deparássemos diariamente com essa realidade de sucateamento. Segundo, por reduzir o problema apenas ao curso de mídias digitais, quando, na verdade, há um grave estado de alerta por toda a universidade, onde, de canto a canto, há obras atrasadas, equipamentos se perdendo, se acabando, sem receber uma manutenção sequer. Terceiro, porque nada diz de concreto, não diz quando o problema (que é real, e não uma ilusão de ótica dessas mais de 140 mil pessoas) será resolvido, quais os esforços que empreenderão. Não diz nada.

Como sempre, a reitoria da UFPB não diz nada plausível. E o reitor é um boneco, que, ao falar, sempre pisa na bola. É melhor, então, não falar nada. De fato seria, não fosse um pequeno detalhe: é o reitor de uma instituição pública federal de ensino, responsável por sua gestão, pela implementação de sua expansão (falaremos mais sobre ela), responsável juridicamente e institucionalmente por seus problemas. Para quem não sabe, seja porque não convive ou mesmo porque não percebe, a Universidade Federal da Paraíba está um caos. A rede elétrica não suporta mais, quedas de energias são freqüentes. Falta água nos bebedouros, nos banheiros, mas se dá qualquer chuvinha, todos os prédios alagam. Recentemente, o Departamento de Comunicação Social esteve interditado por uma semana inteira após uma chuva forte que deixou tudo debaixo d’água. Se já é, no mínimo, estranho, imagine você sabendo que o prédio passou o mês de janeiro todo em reformas. O mesmo prédio passou mais de um ano e meio para terminar de ser reformado (em 2008), quando sua obra tinha um prazo de execução de 3 meses.

Não faltam obras atrasadas por toda a universidade. Não faltam obras que, logo após o término de sua reforma ou construção, já precisam de reparos ou mesmo interdição. Além das questões estruturais dessas obras, há uma questão humana que não pode ser esquecida: há pedreiros - ou seja, trabalhadores, pais de família – sem receber seus salários, com atrasos nos pagamentos. Este ano mesmo os pedreiros paralisaram por um ou dois dias uma das construções de que tanto se orgulha a reitoria. E isso está acontecendo não somente no Campus I, acontece em todos os campi do interior. Ano passado, em Rio Tinto (Campus IV), a universidade despejava metralha das obras em terra indígena, acelerando o processo de assoreamento do rio que corre logo atrás do muro da instituição. Em Rio Tinto, os bombeiros interditaram um prédio cujo teto caiu durante o horário de aulas. Outro prédio rachou e estralou enquanto haviam várias pessoas nas salas. O Campus inteiro devia ter sido entregue a mais de dois anos.

A reitoria da UFPB tanto se orgulha da sua expansão, que parece estar cega aos problemas reais da universidade. Já dizia minha vó, “tudo demais é veneno”. Parece que o orgulho do reitor Rômulo Polari e sua equipe jorram dos poros. Também, o que esperar de um reitor inacessível, que vive enclausurado e que muitos só viram uma vez: na passagem de sala em 2008, quando pedia voto ao lado de sua fiel escudeira, Yara Matos. O que esperar de uma gestão que mais REINA do que gere? O que pensar de uma gestão que em nada se esforça para pensar soluções viáveis para o problema de desgaste das estruturas acadêmicas, pedagógicas e físicas da universidade? Rômulo Polari se orgulha de ter aprovado o REUNI, mas é totalmente alheio aos problemas que desencadeou. Sabe ele que o curso de Letra iniciou o período letivo passado com mais de 30 disciplinas sem professores? Sabe ele que o Delem, extensão à comunidade em formação de línguas estrangeiras, teve um corte no oferecimento dos seus serviços porque não havia professores na graduação? Sabe ele que o elefante branco que é o prédio do CCJ (Centro de Ciências Jurídicas) é uma verdadeira aberração em termos de arquitetura? (Este prédio, em especial, foi o trabalho de conclusão de curso de um estudante da UFPB.)

O que Polari sabe, afinal?

Está na hora de jogar limpo, de ser sincero com a comunidade acadêmica, com a sociedade. Porque é a sociedade (composta, inclusive, por pessoas que nunca entrarão na universidade) que nos mantém lá, tanto quanto mantém seu salário e suas gratificações. Polari é alheio, não vive nem vê a universidade, não a enxerga, e está pouco se lixando se 60 ou 600 estudantes não têm onde estudar. Quis tanto entrar para a história, que, de fato, entrou. O REItor do sucateamento e da infantilidade.

Alexandre Santos, estudante de Comunicação Social da UFPB, sente na pele o sucateamento da universidade pública, o esquecimento completo de seus pilares e de sua missão.

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